Se você está a procura de um projeto de arquitetura e interiores, precisa ter o máximo de informações possíveis e claras sobre cada detalhe na hora de tomar sua decisão.
Por isso, achamos justo que tenha noção de como é cobrado seu projeto de arquitetura e interiores.
Esse é um tópico que pode gerar algumas discussões já que podem ser realizados de formas diferentes em outros escritórios de arquitetura no Brasil e no mundo, no entanto, vamos expor um pouco do que observamos no mercado, analisar as diretrizes propostas pelo CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) e conversar com alguns especialistas sobre o assunto.
No escritório D’Sapê acreditamos que as informações devam ser sempre claras e diálogo horizontal com os clientes para que compreenda o real valor de cada projeto.
O que se vende?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que arquitetura não se trata de um produto físico e muito menos padronizado.
Se tivesse que definir em uma palavra o que se vende quando falamos de um projeto de arquitetura e interiores, diria CONCEITO.
Vamos entrar em maiores detalhes sobre a importância e principais características da arquitetura em outro post.
O que precisamos compreender é que o serviço em si, possui uma característica abstrata que faz com que seja impossível definir uma tabela padrão de valores adaptáveis a qualquer caso, isso explica porque a exclusividade e assinatura de renomados arquitetos tem um peso sob cada projeto.
Conceito implica definir uma solução específica para cada cliente, cada situação sobre sua expectativa e necessidade.
Portanto, o que temos são diretrizes que nos ajudam a organizar cada detalhe de um projeto e definir valores que façam sentido, para saúde financeira do escritório e para o cliente.
Imagine a falta de lógica se projetos similares tivessem orçamentos totalmente diferentes, ou se não fosse viável para o escritório, ou mesmo fosse não condizente com o serviço oferecido ao cliente.
O que vemos no mercado
O que vemos no mercado é uma situação complicada, reflexo da falta de uma disciplina voltada às práticas administrativas de um escritório de arquitetura.
Não é incomum, ao questionar um arquiteto, como exatamente é cobrado seu projeto, o mesmo não saber responder com clareza.
Uma epifania talvez?
Tudo bem, muitos terão a resposta na ponta da língua e posso até imaginar, vão responder “cobro xx por metro quadrado”.
Ok, pare um instante para analisar se já passou por um caso assim.
A pessoa cobra um mesmo valor proporcional padronizado para cada projeto. Isso pode parecer justo e com sentido a primeira vista. Mas não é difícil perceber a falta de lógica se fizermos uma pergunta simples:
– Então quer dizer que um apartamento de 50m² padrão popular tem o mesmo valor proporcional de projeto que a casa da Xuxa?
Bom, ou estou pagando muito caro ou a Xuxa muito barato nesse serviço.
Isso, descaracterizaria o ponto mais importante de um projeto, o conceito que falávamos no tópico anterior.
Para entender melhor esse caso, poderíamos usar o custo unitário básico (CUB), um parâmetro utilizado para definir um padrão de acabamento sobre a área construída.
Aí vem a questão, qual exatamente é o serviço oferecido?
Essa dificuldade em definir orçamentos existe porque, na maioria dos casos, não há clareza dos arquitetos na proposta de serviço apresentada ao cliente.
Para entender melhor como lidar com esse tipo de situação, leia nosso artigo Como escolher um arquiteto para meu projeto.
O que diz o CAU?
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil possui uma tabela de honorários de serviços de arquitetura e urbanismo.
Os livros são divididos em três módulos:
- Remuneração do projeto arquitetônico de edificações.
- Remuneração de projetos e serviços diversos.
- Remuneração de execução de obras e outras atividades.
Ali, estão dispostos entre as 548 páginas, os 211 tipos de projetos e serviços de arquitetura e urbanismo de para apresentar uma referência de preços relacionados a cada conjunto de atribuições. Garantindo assim, uma remuneração adequada aos profissionais da área e a prestação de serviços de qualidade à sociedade.
As “Tabelas de Honorários de Serviços de Arquitetura e Urbanismo do Brasil” são publicações resultantes do trabalho de pesquisa, sistematização e debates entre os arquitetos e urbanistas brasileiros, realizado entre os anos de 2008 a 2014. Baseados, inicialmente, nas experiências históricas do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), os conteúdos foram ampliados com as contribuições do Colegiado Permanente de Entidades Nacionais de Arquitetura e Urbanismo (CEAU) e, finalmente, homologados pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), autarquia federal com poder normativo. As tabelas constituem-se, portanto, em normas federais contendo parâmetros oficiais com definições, valores, etapas e escopo dos serviços de arquitetura e urbanismo
Os livros podem ser baixados gratuitamente no site:
http://honorario.caubr.gov.br/download/
É importante ressaltar que o CAU/BR prevê as diferenças entre cada estado e até mesmo entre escritório, flexibilizando os benefícios e despesas indiretas específicos de cada caso.
Se você é um profissional da área, a primeira sugestão é começar a ler os livros e legislação brasileira referente à área de arquitetura e urbanismo.
Plataforma de cálculo
Para facilitar o trabalho, foi criado um sistema de cálculo dinâmico e inteligente para auxiliar na elaboração de propostas e contratos, bem como criar uma sistemática que buscamos aqui apresentar.
Se você é um profissional da área não pule a etapa anterior e realmente leia com atenção todas as informações contidas nos livros, elas servirão para compreender a fundo cada detalhe dentro da plataforma.
Muita gente na área ainda desconhece a plataforma, se esse é o seu caso essa é uma excelente surpresa que provavelmente mudará sua forma de trabalho.
A plataforma é gratuita e pode-se cadastrar também, clientes ou qualquer um interessado em conhecer um pouquinho mais, não é necessário ser profissional da área.
É possível personalizar a plataforma para a realidade de seu escritório e definir os parâmetros de cada projeto, gerando valores de forma automatizada.
Dentre as funcionalidades, podemos ressaltar:
- Cadastro de clientes e informações sobre projetos.
- Definição de encargos sociais.
- Definição de despesas indiretas.
- Definição de despesas legais.
- Ajuste de valores em função de índice de complexidade.
- Decomposição de preço de venda.
- Geração de relatórios.
Enfim, é uma plataforma super completa.
É possível acessá-la em http://honorario.caubr.gov.br
Simulação de orçamento
Em breve estará disponível um vídeo explicando de forma prática a definição de valores para um apartamento de 50m².
Aguarde…
Como é cobrado um projeto de arquitetura e interiores no escritório D’Sapê
Aqui no escritório D’Sapê seguimos algumas práticas para definição de valores para cada projeto.
Em primeiro lugar, não passamos orçamento sem antes levantarmos toda informação necessária junto ao cliente e legislação na prefeitura sempre que necessário.
Essa primeira reunião é feita pessoalmente e no local a ser trabalhado para que possamos já obter medidas e uma visão geral das condições da edificação e do entorno.
Para elaboração dos valores, temos configuração personalizada dentro da plataforma apresentada, excluindo despesas que não possuímos e adequando a quantidade de profissionais, detalhamento do projeto, índice de complexidade e outras variáveis relacionados as características do cliente e do ambiente.
Em nossa proposta, enviamos de forma detalhada cada etapa do projeto, o que consiste, prazo, o que será entregue e valores.
Além disso, oferecemos suporte para esclarecimento de quaisquer dúvidas, adequação do projeto e negociação.
Sempre batalhamos por melhores preços e condições para nossos clientes na hora de construir.
Porque desconfiar de quem cobra pouco?
Sem demagogia, é claro que o mercado impõe uma concorrência e cada um luta com aquilo que tem como diferencial.
Para muitos, será o preço de venda de um projeto.
Até aí tudo bem, o problema surge quando a diferença é absurda.
Alguns podem dizer que esse é um problema apenas para os profissionais, e que pode significar lucro para os clientes.
Mas na verdade não, o problema é de todos, apenas a perspectiva é diferente e talvez os clientes percebam apenas de forma indireta, ou quando já é tarde demais.
Vamos entender…
Dentro de toda lógica que apresentamos aqui, os valores podem ter uma grande diferença se:
- Você estiver orçando com um arquiteto de renome que possui valor agregado e consequentemente valores muito acima devido a exclusividade do projeto e estiver comparando com outro que ainda não possui o mesmo prestígio.
- Você estiver orçando o mesmo projeto, porém em regiões diferentes.
Para além desses casos, é difícil a variação ser tão grande que não possa ser negociada por exemplo.
Quando isso ocorre, infelizmente são devidos à práticas como:
Ganhos com reserva técnica (RT)
Essa é uma prática ILEGAL, porém muito comum, especialmente em regiões com mercado pouco desenvolvido.
Basicamente se caracteriza por uma venda casada de serviços onde o arquiteto não cobra ou coloca um valor muito baixo para o projeto, porém lucra com comissões exorbitantes das lojas de móveis e construções civis no momento de executar o seu projeto.
Devido a dificuldade de fiscalizar, pois criam-se estratégias de “marketing” para acobertar, essas práticas acabam atrapalhando e conduzindo o mercado à uma falta de estrutura.
O problema disso?
Além da concorrência desleal, adivinha quem acaba pagando essas comissões sem nem saber? Sim, você consumidor final.
Incompetência na definição do projeto
Os valores podem variar bastante caso haja um equívoco na definição prévia do projeto.
Os valores de cada tipo de serviço podem variar bastante, portanto, se o orçamento foi passado sem uma análise prévia do local e sem levantamento das informações junto ao cliente, isso pode acontecer.
Se esse for o caso, seu projeto pode ter um resultado longe da expectativa.
Equívoco na cobrança
Talvez o profissional tenha cometido um equívoco ou ainda não possua uma estratégia para definir os valores (e ainda não leu nosso artigo rs)
Portanto, confirme tudo o que exatamente está incluso na proposta e faça um contrato seguindo nossas dicas de como contratar um arquiteto para meu projeto.
Ninguém gosta de trabalhar no prejuízo, e na hora que isso acontecer, adivinhe quem vai perder atenção e ter seu projeto entregue as pressas para encerrar logo com isso?
Pois é…
Os limites da filantropia
Claro que podemos ter arquitetos com projetos filantrópicos, algo previsto e presente em nossa profissão.
Essa prática merece apoio e respeito.
Mas é claro que estamos falando de projetos pontuais, se esse não é seu caso,
Lembre-se que conceitos exigem bagagem para serem desenvolvidos.
Para isso é preciso que o profissional tenha referências, formação e vivência que devem ser consideradas na hora de contratar um arquiteto.